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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
 

CAIO MECENAS

                        (Império Romano )      

Braço direito de Augusto, é de conhecimento geral que o etrusco Caio Mecenas (70 a.C. – 8 d.C.) criou ao seu redor um impressionante círculo de artistas, que incluía poetas como Virgílio, Horácio, Propércio, entre outros. Sua origem aristocrática e rica o levou à primeira linha de Roma, mas sabemos que nunca buscou passar do seu estatuto equestre, por iniciativa própria: nunca ocupou cargos públicos, embora tenha sido importantíssimo para a propaganda política augustana.
Menos conhecida é sua faceta poética. Embora nenhum dos dois poemas abaixo seja necessariamente considerável com homoerótico de fato, é interessante notar como, ao se dirigir a um protegido (ou cliente), o patrono Mecenas prefere utilizar um vocabulário e um estilo que mais se aproximam da lírica amorosa grega do que da formalidade cotidiana romana.
Os dois fragmentos abaixo são dedicados ao poeta Quinto Horácio Flaco.

        [Guilherme Gontijo Flores] 

 

POR QUE CALAR NOSSOS AMORES?: Poesia homoerótica latina. Organização Raimundo Carvalho, Guilherme Gontijo Flores, Márcio Meirelles Gouvêa Júnior, João Angelo Oliva Neto.  Edição bilíngue Latin – Português.  Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2017.     285 p. (Coleção Clássica)  16,5x24 cm. 
ISBN 978-85-8217-602-3                      Ex. bibl. Antonio Miranda

 

                          Amar o seu amigo

 

  1. (frag. 2, Isidro, Oratione 19.32)

      
Lucentes, mea uita, nec smaragdos
beryllos mihi, Flacce, nec nitentes,
nec percandida margarita quaero,
nec quos Thjynica lima perpoliuit
anellos nec iaspios lapillos.
 

 

  1. (frag. 2. Isidoro, Orações, 19,32)

                 

                               Minha vida, as luzentes esmeraldas
ou berilos brilhantes, ó meu Flaco,
nem a pérolas alvas eu te peço.
nem as jóias de jáspide encrustada.



2. (frag. 2. Suetgonius, Vita Horati)

Ni te uisceribus meis, Horati,
plus iam diligo, tu tuum sodalem
hinnulo uideas strigosiorem
 

 

                2. (frag. Suetônio, Vida de Horácio)_

              Se eu não te amo bem mais que minhas vísceras,
caro Horácio, verás teu companheiro
mais raquítico que jumentozinho.

 

      Nota

      Poema 2: O verso de abertura evoca Catulo 14.1, tanto pelo    
tema quanto pelo metro. No entanto, os temas se desenvol-
vem de modos bem diversos em cada autor.

 

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Página publicada em abril de 2023

 

 

 
 
 
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